domingo, 20 de janeiro de 2008

Como o cão de Pavlov?


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Marcos nos passeios.
Proibido.
É proibido estacionar viaturas, obviamente.
.Proibido.
Agora parece que volta a ser tudo proibido.
Estes marcos dizem – é proibido.
.O problema está no que é proibido, mas não é afirmado, assim.
Não é permitido isto, não se pode fazer aquilo, só pode ser feito desta maneira…
Existe o normativo x, o y e o z… que nos esclarecem sobre o que não é permitido, isto é, sobre o que é proibido.
.Ah, e como deve ser feito!...
É assim que deve ser feito! Ponto final. Parágrafo:
Logo, fazer de forma diferente não é permitido – é proibido.
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[E ando eu a discutir com os meus aprendizes de filosofia o determinismo e o livre arbítrio e ao mesmo tempo a reproduzir o discurso da proibição!... Que bluff, que hipocrisia…]
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Entretanto, fumo os meus cigarros do lado de fora da escola, ostensivamente, ao lado dos alunos que fumam os seus cigarros, ostensivamente, do lado de fora da escola. E criam-se cumplicidades estranhas, que nem sei se me desagradam [já que tantas outras são proibidas].
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Em casa, preferencialmente, sou instada a fumar debaixo do exaustor [as janelas são demasiado grandes para se abrirem no Inverno…].
Fôramos nós, humanos, como o cão do Pavlov e bastaria ligar o exaustor, ouvir o ruído irritante e monocórdico do electrodoméstico execrável… e eu pouparia imensos cigarros e desgaste pulmonar! Mas não somos.
Pelo menos, essa forma de condicionarem os nossos comportamentos não será estratégia para outras proibições.
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12 comentários:

  1. viste o cartoon do Luís Afonso no "Público" de hoje?

    não tarda muito está tudo NORMAL!

    bjs

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  2. ainda bem que lês. no teu .ar de. :) o

    lado menos óbvio!:)

    que tens vontade de ver e tempo para LÁ chegar!!

    o que aprecio e naturalmente agradeço.

    a ti.

    compreendo muito bem o que dizes das cicatrizes: físicas e não físicas.

    todas tenho eu mesma e de todas tenho tratado.

    bem ou mal...? não sei! mas sim como sei! enough!



    h e a l i n g ~

    .beijO

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  3. perdemos a reactividade e a capacidade de pensar.

    reagimos ao medo como qualquer animal...

    e acredito de facto que, pavlovianamente(!! :),

    debaixo do exaustor, depressa deixarias de fumar, condicionada pelo ruído. acredito!

    meio cómico meio dramático, é...

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  4. Mariadosol,

    Fui agora ao Público on-line...

    É... Achas que estareremos prestes a ser (e)levadas um guincho/guindaste, por andarmos (des)alinhadas demais?

    Creepy!...

    P.S.: Já devia estar na cama e ando a fazer PowerPoints para amanhã, às 6:10...

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  5. Rectifico a "gralha": (e)levadas por um guincho...

    O sono...

    Bj

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  6. Un dress,

    Ainda não consegui estar o tempo que queria no teu blog. Por isso, foi tão bom teres escrito aqui!

    Tirou-me o sono, no bom sentido.

    Acho que [estarás mais certa do que eu], apesar do .Ar De., também ainda tentarei, mal ou bem, nem sei porquê...

    o melhor que sei, mesmo se penso que não sei...

    mas saberei,

    talvez...



    ...B E I J O -/- O J I E B...

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  7. e não somos cão de Pavlov? não tenho tanto a certeza assim...

    as proibições (e as permissões) mais perversas são aqueles a que aderimos "livremente" ...

    texto inteligente. o teu. (mas isso tu sabes)

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  8. Em determinadas circunstâncias [quando pulsões mais primárias, como o medo, ou a fome... nos avassalam], penso que sim, que corremos o sério risco de nos tornarmos "sujeitos" de experiências pavlovianas.

    Aqui, parei.
    Lembrei-me dos campos de concentração alemães/nazis e de outros mais "actuais".

    O teu comentário "valia" uma introdução para uma das aulas, com os meus alunos...

    Depois, "mimas-me" com os teus comentários e eu fico sem saber o que dizer.

    Talvez... que continues a aparecer por aqui? Que tenho um imenso prazer em aparecer no teu blog, também (mas, isso..., tu também sabes).

    Bj

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  9. Gostei do teu texto bastante...
    mas (encanta-me a palavra mas pela abertura que deixa...), mas não me preocupam as proibicões, afrontam-me, revoltam-me mas não me preocupam... tudo o que gera reação, atitude, possibilidade de dizer não, não me parece preocupante...irrita-me e muito.
    Preocupam-me como ao meu amigo Herético as perversas permissões.
    Preocupo-me quando dou por mim a fazer "livremente" algo permitido, aconselhavel até e que não fazia antes, aí toca em mim o sino a avisar para ter cuidado...
    Preocupa-me o novo, permitido e incentivado conceito de básico, essencial, necessário...

    Bom blog, boa descoberta esta.

    Vou voltar.

    Isabel

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  10. lembro, quando fumava, esses encontros do lado de fora das portas...
    como se uma cumplicidade, quase..
    como se.



    x

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  11. A mim também não me preocupam as proibições.
    Preocupa-me muito mais a complacência e a quietude, mesmo que muito irritada, da resignação.

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