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Todos os dias, chego a casa, com a triste sensação de que trago as mãos cheias de nada.
Se tirar o peso das pastas, dos quilos de papel e diversos, é como entro, por aquela porta.
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Sem me consultarem, talvez para me cativarem, fui convidada a pertencer a um grupo de trabalho, para criarmos soluções inovadoras para a gestão de conflitos na Escola, com formação adequada, a começar em Setembro. Não é que não queira... até me sinto cativada. Nem fiquei aborrecida, por não ter sido consultada. [quem sabe, conhecem-me melhor do que eu, para perceberem que diria que sim... porque disse que sim! desta vez, não pela aceitação tácita da distribuição de serviço, que não é da minha competência, obviamente, mas porque quero!]
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Assim, quem sabe, possa chegar a casa com as mãos cheias da frescura de uma bola de água, em vez de chegar com as mãos cheias de nada.
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Nem pensei muito, nem gastei o tempo a pensar. Depois, sorri [para dentro...], porque a agenda começa a encher-se, a priori, para o próximo ano lectivo!... [e... de como tenho este quasi karma, para arranjar sempre mais trabalho, quando ainda nem gozei o descanso devido...].
Por isso, vou tratar de imprimir uma nova agenda, feita à medida dos meus muito mais compromissos! Resta-me a esperança, ou a expectativa, de me encontrar mais sábia, pela experiência deste ano, que decorre, ainda.
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Não posso deixar de ponderar que, apesar das madrugadas obrigatórias, com o toque de alvorada do despertador que me persegue, se calhar, valeu a pena... se calhar, aprendi tanta coisa, que nem dei conta da imensidão de tanta aprendizagem.
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E, como o que se aprende de novo não ocupa lugar, antes cria outros lugares para se aprender ainda mais [como insisto em dizer aos meus alunos], devo ter aprendido algo importante com cada um deles, certamente...
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Agora, que começo a reunir os elementos para a renovação das matrículas, da minha Direcção de Turma, olho para as novas fotografias e penso: como mudaram num ano!... como estão menos crianças e mais crescidos!... como me apercebo desse amadurecimento, mais do que os próprios pais e mães, que dizem não notar!... como se tornaram Outros bem significativos, no meu quotidiano...
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A turma vai manter-se a mesma, praticamente. Vou dar continuidade a todas as outras, também. Vou ter saudades dos colegas contratados, que vão sair para outras escolas e dos mais velhos, que já pediram a reforma... antecipada.
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[E sei que vou ouvir que me esforço demais... e por aí... E sei que vou ter momentos em que vou dar razão a quem o diz... E sei que não vai deixar de ser assim, mas vou ficar...]
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de autor desconhecido, Foto que me veio parar em casa