sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Pégaso... objectos, projectos e histórias!...


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Há meses que este objecto não passa de um projecto, ao fundo do jardim, na oficina..
Vejo-o da janela, aqui deste lado, dentro de casa e dei-lhe este nome, nem sei bem porquê. [Ou talvez saiba: a sensação mais próxima de voar e ter asas foi-me dada a conhecer por uma égua branca, há mais de dez anos, na Beira Interior… e o gesso também é branco, branco…]
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Nada como um título, para uma obra fazer sentido. O título sugere a história. E as pessoas precisam de histórias.
Eu também preciso de histórias. Não serei diferente das outras pessoas. Porque seria?
.Ainda sinto a falta de uma história, antes de adormecer..
Para não adormecer, nas viagens de carro, invento histórias. [(…) que vou esquecendo à medida que me aproximo do Porto e do movimento do início da noite. Tenho preguiça de ligar o gravador e falar para ele. Sobretudo, tenho medo de já não conseguir fazer mais de duas coisas ao mesmo tempo.]
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Inventei muitas histórias para adormecer o meu filho, daquelas que tinham continuação de uma semana para a outra, de tal modo se tornavam misteriosas e se enchiam de novas personagens, cada vez mais cheias de História [que ele fazia questão de me (re)lembrar o nome e como tinham entrado em cena…]. O sono não vinha depressa, mas era um tempo que sabia bem aos dois e, disso, estou quase certa..
Não é saudade o que me faz lembrar estes adormeceres.
O filho cresce e cada dia é uma novidade maior que não me deixa espaço para o saudosismo.
Também não espero, que um dia, seja ele a contar-me histórias para eu dormir.
.Todas as noites, tento adormecer no meio de uma história. E não é raro acordar no meio de outra….Algumas acabaram escritas e andam por aí, guardadas não sei onde…Agora, não teria tempo para as escrever..Mas não é a mesma coisa quando adormeço a ouvir…
Porque ainda sinto a falta de uma história, antes de adormecer.
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foto manipulada por um ar de, Projecto de escultura de João Carqueijeiro em gesso

6 comentários:

  1. bem nos aconselham a contar

    histórias

    a nós mesmas

    a abraçar-nos

    a nós mesmas a chamar-nos queridas

    a nós mesmas...

    bem nos aconselham e lá teremos que o fazer

    tantas vezes

    que acabam

    por ser

    demasiadas...

    mas olha, ar de, hoje de manhã dei por mim a

    inventar uma história - não raro...

    em nada semelhante às que contei

    aos meus filhos mas outra

    de adultos:

    Mr Thin e Mrs Fat...

    :)) a propósito duns sons que ouvi no andar de baixo...


    logo vejo se faço dela alguma coisa mas os nomes...bem, são esses...

    / ou talvez os (des)inverta...:)





    .abraÇo.beijO

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  2. Então, vou contar uma pequena história que tem a ver com o título deste post e da minha sensação próxima de voar.

    "Tenho saudades de uma égua branca que conheci em Idanha-a-Nova.

    Com ela partilhei sentimentos únicos: medo [que na altura era uma palavra quase desconhecida], uma solidariedade irracional [nunca me achei intuitiva...] e uma ternura estranha, nem sempre mútua e consentida [eu que não gosto de pedir mimos...].

    Com ela aprendi a confiar no que não entendo.

    Com ela aprendi a trotar, a galopar, a transpor obstáculos, e subir e a descer ravinas.

    Era eu que lhe colocava os arreios e os arrumava. Então, escovava-lhe o pelo curto, e penteava-lhe a crina.
    Era bom senti-la a pousar a enorme cabeça no meu ombro e empurrar-me desajeitada e brinacalhona, depois de lhe ter demosnstrado que era eu que mandava...

    Mas não. Eu não mandava nada.

    Tenho saudades dessa égua branca, assim, altiva, que fazia de conta que era eu que conduzia o caminho, que ela conhecia bem melhor do que eu..."

    Esta lembrança inesquecível está num comentário não tão recente a outro post do blog http://chahyestradadamontanha.blogspot.com/ da CHahy, de quem eu gosto muito.

    Bj para as duas

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  3. Eu tive a sorte de, durante anos, adormecer enquanto ouvia histórias. Raramente as ouvia até ao fim. Eram óptimas a induzir-me o sono. Às vezes ficava com pena de não as ter ouvido até ao fim, mas aquela maravilhosa sensação do sono a tomar conta de nós, de mansinho, enquanto alguém contava, contava...era tão boa que o facto de não ouvir até ao fim não importava assim tanto. Podia sempre no dia seguinte saber o desfecho.
    Bjs

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  4. "eu tinha umas asas brancas
    asas que um anjo me deu
    quando me cansava da Terra
    bati-as, voava ao Céu....
    ......................
    eram brancas, brancas, brancas
    como o anjo que mas deu..."

    vá lá saber-se porque caprichosa associação de ideias evoquei este poeminha de Almeida Garrett, que declamava no dorso da minha égua branca...

    no tempo, em que o Tempo tinha asas. e havia anjos...

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  5. Coincidência estranha, termos uma égua branca em comum.

    E branca, branca...

    E o tempo em que o Tempo tinha asas, também!...

    Bj alado e branco, branco...

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