domingo, 6 de janeiro de 2008

O chão que piso?


.
Este parece ser o chão que piso.
Mas será que sei, como ando a percorrer as superfícies que piso e repiso?
.Acho que não. Diria, mesmo, que não!
Os dias continuam a passar por mim sem eu sentir que participei, realmente.
.
Tenho-me queixado de falta de autonomia... que dependo de tudo e de todos para realizar seja o que for. Parecem-me queixinhas pardacentas para me desculpar desta má notícia que me estou a dar [e que se anuncia há uns tempos largos, com muitos disfarces e inúmeros sintomas, que eu, numa descuidada superficialidade, não quero ver].
.
Certo é, que me parece ter perdido a capacidade de improviso. [Por vezes, dá tanto jeito e é a melhor resposta para o imprevisto, para a rotina, para a decepção, para o tédio e para a falta de vontade de lidar com os outros (e, porque não, admitir que me cansam, de uma vez por todas?)].
.

É que eu não creio que exista improviso sem plano, da mesma forma que não creio que se invente a partir do nada. A invenção pressupõe um acumular de experiência que, de repente, pode transformar-se num novo sentido [assim, como uma espécie de insight].
.

Perdi qualquer coisa fundamental, sem dúvida [terão morrido, precisamente, aqueles neurónios que me davam essa frescura mental para planificar e essa disponibilidade para inventar?...].
.

Ou é mesmo uma imensa falta de vontade para continuar a fazer o que faço?.
Piso o chão. Repiso este chão.
E o tempo passa. É mesmo um perdulário… o tempo que passa.
[Como costumo dizer e desta vez não o digo a brincar, o tempo é um novo rico! E eu não gosto nada disso.]
.
.

14 comentários:

  1. O desânimo não é um bom parceiro. Há dias, seu sei... E temos de nos dar o direito a reclamar. Mas há sempre janelas que se abrem. (Oh! lugar comum). Mas há, de facto há, só que, às vezes, não estão exactamente onde estamos habituados a vê-las.
    Então, é preciso ânimo para as enxergar e abertura para as aceitar em lugares diferentes.
    Um beijo (SOLidário)

    ResponderEliminar
  2. aquele s antes do eu ...

    gralhas irritantes

    :))

    ResponderEliminar
  3. Agradou-me essa metáfora das "aberturas" em lugares diferentes.
    Andarei a olhar demais para o "chão" (metáfora, também...)?

    Obrigada pelo bj (SOlidário)

    ResponderEliminar
  4. Um pequeno reparo...
    Somos um bocado noctívagas, não?
    Eu posso andar com Um Ar De sono...
    E tu, como é que fazes para ser Mariadosol?
    :)
    Bj

    ResponderEliminar
  5. entendo e de muitas formas partilho o teu cansaço...

    farta de tudo, mudança urgente à flor da pele

    e o tempo a passar no mesmo chão.

    balões. fixo-me em balões e sei que no momento certo...acontece!! sem explicação.

    sou mesmo muito crente eu sei...:)
    é que sabes, não tenho outra saída... mesMo!!

    e espero por dentro de balões. asSim... :)




    abraÇo.beijO

    ResponderEliminar
  6. Os antiestamínicos (a tosse!!!) e o recolhimento por via dela (da tosse), juntaram-se (à esquina?)para acentuarem ainda mais a minha definitiva costela nocturna.

    Beijo Sol&dário (assim fica mais...tipo... actualizado, modernaço, ar de eficácia e companhia L.da) ehehe

    :))

    ResponderEliminar
  7. "…quando

    Quando me vejo só e sozinho
    não me tento em perder-me em tudo e no quanto que me falta,
    cravo as garras com força no núcleo atómico da minha alma,
    mordo esfomeado o meu coração,
    pico-me,
    esbofeteio-me,
    espremo-me,
    desdobro-me,
    viro-me de avesso,
    volto-me ao direito,
    espirro
    e sigo o meu caminho."

    Hum...parece-me apropriado esta espécie de poema de um autor Lituano, muito recentemente traduzido no Brasil.

    PS atenção aos beijos que qualquer dia são proibidos. Transmitem muitos fluídos. E a solidariedade também que se acautele.

    ResponderEliminar
  8. O chão que pisas
    A saia que vestes
    Uma saia AMARELA.
    Experimenta!

    Bjs

    ResponderEliminar
  9. mas o tempo também traz sabedoria. e por isso potencia a invenção. ou domínio do improviso. e melhor leitura dos sinais. para além do tédio (ou apesar dele).sabendo-se sempre o chão que se pisa...

    brilhante texto.

    ResponderEliminar
  10. Os lituanos são assim mesmo...narcisistas elevados à máxima potência...mas estranhamente não se afogam em lagos. :)

    ResponderEliminar
  11. Senhora-san,

    que auspiciosa descoberta sois.


    Vossa.

    ResponderEliminar
  12. Pois, de vós, direi o mesmo.
    Certamente, com Um Ar De maior espanto.

    Infelizmente, não percebi como comentar no vosso blog.
    Depois, pensei melhor e achei que deve ser mesmo assim. Não carece de mais palavras.

    Obrigada pela visita, a qual retribui, curiosa e intrigada e agradada.

    Não vos direi mais nada. Sabereis o que entender.

    Vossa [também, com o leve baixar de cabeça...]

    ResponderEliminar
  13. Que posso eu acrescentar a tão doces palavras de melancolia, apenas que as sinto, e que visto como se fossem minhas.

    ResponderEliminar
  14. Que bom ler-te, deste lado, Chahy!... Mesmo que seja para partilhar melancolias e não imensas alegrias. [Embora rimem...]

    Um bj de saudade

    ResponderEliminar