terça-feira, 30 de setembro de 2008

... é preciso ter chão!...


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De Branco no Branco:
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"Para saltar, alto ou longe, é preciso ter chão" [Mdsol]
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[Para crescer, também, mesmo quando o vento é forte... e inclina... e distorce... a trajectória.]
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Foto de árvore bem presa ao chão, setembro 2008

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Da[s] perspectiva[s]...



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... Depois de ler o post e o comentário de Rosaiventos...
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[Por vezes, também acontece com as imagens...]
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Foto de Agosto de 2008, museu de Amarante

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Da [in] diferença...



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A ideia de ontem…
… retomada hoje… já não é a mesma.
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Ontem, não fora o cansaço, que não me deixa sorrir [porque, de momento, não há motivos para tal], teria escrito sobre a metáfora dos meus sinais – a minha falta de ambição...
Porque, aquilo que sempre me fez falta… o que me é caro… não me parece que dinheiro algum pudesse comprar [apesar de não deixar de ouvir todas as vozes dissonantes].
Talvez, por isso, largar os meus haveres por uma vida boa [no seu sentido mais kantiano], não me custasse nada. [Mas, como parece implausível um tal sentido, hoje, no equinócio do Outono de 2008...]
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Hoje, a ideia de ontem [que já não sendo a mesma]
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Crescem plantas pequenas, por entre as pedras.
E há sinais, que não são meus, colorindo o empedrado fino.
Resistiram à chuva da véspera, emoldurados em laje ancestral. Não me são indiferentes.
Por outras palavras, ou com outras palavras…
... há muito poucas coisas que me são indiferentes.
... quase nada me é indiferente.
talvez, tudo o que desconheço [e que imagino imensamente extenso] me possa ser indiferente... e, mesmo assim...
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Se gostava de ser diferente? Talvez isso me fizesse sorrir com mais frequência e pensar de forma, unilateralmente, positiva… [In]Diferente?
Acho que não [apesar de não deixar de ouvir todas as vozes dissonantes, porque não me são indiferentes].
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[A minha falta de ambição tem o meu nome. E, nem tudo o que sobe existe para eu subir… Ou, talvez, tenha acabado de percorrer uma longa e ofegante descida. Devo aprender a respirar, novamente, porque descer também cansa!... Acho que, finalmente, preciso de um ar de…]
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Amarante, Foto de empedrado com moldura de laje

Dos meus sinais...




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Porque me sinto muito cansada...
embora o coração continue a bater e a cabeça a fervilhar
relembro
... estes meus sinais.
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[A ideia era outra. Pensava nesta pedra lavada pela chuva... na mania de largar os meus haveres, assim, sem jeito...]
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foto das minhas coisas, largadas no chão

sábado, 20 de setembro de 2008

Do sono e do esquecimento...


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Quando era criança, detestava dormir.
Como se perdia tempo a dormir e a comer!...
[Conta-se que, de todos os irmãos, fui a mais indisciplinada, nestes cuidados. E... não me lembro de ter tido problemas a adormecer os meus irmãos pequenos ou a dar-lhes de comer...]
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Mais tarde, continuei a achar as horas de sono um desperdício e sempre disse que "não vou daqui ali para comer".
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Hoje, durmo estupidamente.
Hoje, tenho um sono de anos em que tentei esquecer o sono...
Hoje, tenho os sonhos acrescidos, dos anos em que nem dormia [apenas parecia sonhar, nos momentos derradeiros de quem dorme depressa...].
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[Hoje, continuo a não "ir daqui ali para comer"... ]
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Foto de Alexandre C. in olhares.com, modificada

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Das cores... e... dos comprimidos


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As cores dos comprimidos...
... amarelos, cor de rosa, azuis, verdes, brancos, vermelhos [até]...
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[As cores estão em todo o lado...]
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Foto de Ricardo Lourenço in olhares.com

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Das cores... e...


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A minha mãe foi hoje operada às cataratas. Ainda não saiu... O meu irmão mais novo diz que correu bem. Estou à espera de mais notícias.
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Também espero por notícias minhas... amanhã.
Finalmente, teria que chegar o dia em que a corda quebra.
Quebrou. Julgo que quebrou...
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Vou tentar saber porquê [isto é, a versão médica sobre tal facto, de facto, anunciado...]. A outra versão... acho que sei qual é, mas não é relevante.
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Não sei o que me parece estar assim...
Não sei o que me parece... [Acho que me parece mal!]
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[Espero que a minha mãe olhe para estas cores e as veja, com todo o seu esplendor. E que sinta um contentamento que eu não sinto... mas lhe desejo, porque as cores parecem ter um significado diferente, para cada uma de nós.]
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Cocktail de Luz, de Paulo Ferreira in olhares.com

sábado, 13 de setembro de 2008

O meu Trisavô... da genealogia à ficção

Retrato de Afonso Costa
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Quando penso no meu trisavô, à falta de fotografias da época, é este rosto que se perfila perante os meus olhos.
Imagino que não seriam dois homens, fisicamente, muito diferentes. Conta-se que não. E, certo é, que foram amigos.
Também se conta que, o dono deste rosto, foi convidado pelo meu trisavô a visitar o seu “retiro rural”, depois das lutas republicanas e das cumplicidades dos tempos da Carbonária. Uma visita inesquecível, que ficou na memória de todos, até dos que não a viveram, como a minha avó, que não era nascida.
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Pois saberia o Afonso Costa montar a cavalo? Será que o meu trisavô o levou a ver a sua herança rural? Será que chegaram juntos ao ponto mais alto da aldeia e, montado na sua égua branca, apontando-lhe, desinteressado, a vastidão das terras, lhe terá contado as suas desventuras de proprietário, ex revolucionário, convertido à modorra do casamento e da ruralidade [imagino que, com um tom jocoso na voz, para não denunciar o tédio imenso… pior ainda, para não denunciar os olhos húmidos?].
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Ou o Afonso Costa não sabia montar e passearam pela aldeia e suas imediações, em ostentação mais que visível, na travessia do adro da Igreja [o padre enfiado na sacristia a espumar de raiva…].
Pararam para beber um copo de vinho, bem tinto, para comer broa com presunto ou sardinhas secas e fritas, em casa deste e daquele… [o meu trisavô orgulhoso... por mostrar o grande Afonso Costa e seu amigo, de lutas que pertenciam a um passado, que ele sabia, tinha acabado no dia em que ali chegara].
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A minha trisavó teria acolhido a ilustre personalidade, pois que não teve outro remédio! Mas, a benzer-se, de cada vez que ia à cozinha dar indicações sobre o que viria para a mesa.
Recebera-o com tanta educação e esmero, quantos foram os terços que rezou, de cada vez que a deixavam sozinha.
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Depois do episódio da visita do Afonso Costa àquela aldeia, com o rio Zêzere a seus pés, quantas terão sido as confissões e as penitências, bem penosas, que o padre lhe ordenou? Aquelas que a minha trisavó acreditou serem merecidas?
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Depois do regresso do amigo à capital, nas poucas horas que se lhe seguiram, em que pensou o meu trisavô? Revoltou-se, para se conter, depois? Resignou-se, não sem conter os olhos húmidos de tristeza, a que chamou ira e ódio, porque um homem não se comove e, muito menos, chora?
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Talvez tenha sido, precisamente nesse dia, que não voltou pela calçada que o conduzia a casa, inevitavelmente e sempre, mesmo desrespeitando as horas e os hábitos [que, só lhe faltava ter que obedecer ao tempo das obrigações diárias do sino da Igreja!].
Nesse mesmo dia, talvez tenha decidido enveredar pelo caminho enlameado, que havia de o conduzir, tantas vezes mais, à porta desengonçada e velha, daquela que foi a sua amante predilecta [da que ficou conhecida, nos anais da família, como a Gata Gulosa…].
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[Depois… não voltou para casa antes de ser manhã feita. Cavalgou algumas horas pelas sombras dos montes e pelas margens do rio. E pensou em Lisboa… e deixou de pensar, porque lhe doía a cabeça e tinha um nó no estômago, apertado demais.]
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Foto de Afonso Costa, In Enciclopédia Lello e Irmão,

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

September 11' 09" 01


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11 realizadores e uma proposta idêntica: um pequeno filme com 11 minutos, 09 segundos e 01 frame...
Para quem não viu este conjunto de filmes, a pretexto do 11 de Setembro de 2001, vale a pena ir buscá-lo a um clube de vídeo e gastar algum tempo [felizmente, gastei o meu tempo quando ainda o tinha...].
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[Aqueles que me impressionaram mais: Sean Penn (realizador dos EUA) e Shohei Imamura (realizador do Japão)... porque se pode contar a mesma história, terrível, de tantas maneiras!... E relativizo... ao recordá-las...]
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terça-feira, 9 de setembro de 2008

De que são feitas as cordas...



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Quando o trabalho se torna escravidão, é escravidão, mesmo.
Há cordas que, ou são de aço, ou tenderão a quebrar.
Não sei de que são feitas as minhas cordas. Sei que não estão muito resistentes, ao ponto de aguentarem grandes esticões.
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Resta-me a consolação [que não é consolo nenhum] de olhar à volta e perceber que não estou sozinha, nesta azáfama insana.
Tal como previa, deixei de ter tempo para um olhar desinteressado, nem que fosse por uns minutos, para um outro cenário qualquer… [pena… cansaço prematuro… preocupação… desconsolo… desânimo… e o que tem que ser…].
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Presumo que terei que conseguir. Talvez presuma mal… Algo me parece mais ou menos evidente. O próximo ano lectivo vai sair-me muito caro, a vários níveis. [Já me sinto mais empobrecida…].
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[Deveria decidir outras coisas para a minha vida? Deveria optar por ter uma vida? Deveria… Não sei. Mais uma vez, alimentei falsas esperanças. Este ano não vai ser mais fácil do que o anterior. Ponto final!]
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foto de Pedro Moço in Olhares.com, Nervos de aço

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

A cor das horas...


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Hoje, resolvi passar por casa da minha mãe [descobri, há pouco tempo, que é leitora assídua deste blog…], porque talvez não venha a ter muitas tardes, assim, para conversarmos e comprovar que está bem e continua dona do seu nariz…
[Certamente, também a preocupei, a ela… como devo ter preocupado aqueles amigos virtuais que me deixam comentários apreensivos e/ou sensatos.]
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Aproveitámos para comparar notas e relembrar conversas, que ouvi nos idos de Setembros passados na Beira, sobre o meu trisavô… sobre a minha avó materna… sobre outros tempos que sempre me intrigaram.
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A maior parte das lembranças dessas conversas estão associadas ao colo da minha mãe, que aproveitava o final das tardes mornas para relembrar [também ela] as suas raízes, junto das mulheres mais velhas da aldeia, sentadas nas lajes graníticas, ainda quentes, das soleiras das portas da vizinhança amiga.
Eu fazia de conta que dormia a sesta de criança pequena, que era, e fingia a respiração pesada, de quem dorme um sono profundo [conseguindo não mexer a mão onde pousava uma mosca teimosa…].
Eram dois prazeres que não se esquecem. Um colo que nem sempre tinha no resto do ano, só para mim…e as conversas veladas sobre assuntos da minha família, que pareciam contos fantásticos e que eu não poderia ouvir, estando acordada…
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Outras lembranças vêm dos passeios ao lado da minha avó, pelas propriedades da família, que foram sendo vendidas ao longo dos anos, não tendo conhecido, eu, aquelas que foram o orgulho do meu trisavô. Apesar da minha avó não ser mulher de muitas palavras [por vezes, parecia falar sozinha], acrescentava algumas peças ao puzzle que fui construindo, ao longo do tempo [nos primeiros oito anos e meio da minha infância, que sempre me pareceram tão breves!…].
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Hoje, com a ajuda da minha mãe, descobri que esse puzzle tem muito de ficção... o que não lhe retira o encantamento que sempre me cativou… e que, nas minhas memórias de criança, os nomes e as personas se confundiram de uma forma bizarra, mas verosímil…
Desenhei a casa da minha avó e as imediações, tal como ambas a recordávamos… revimos nomes de companheiras das conversas vespertinas…reconstruímos um pouco da árvore genealógica daquele lado da família… e esquecemo-nos das horas [mesmo que estas não tenham as mesmas cores, para uma e para a outra…].
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E, apesar de sabermos, as duas, que sobre estas personas haverá de pairar, sempre, uma aura de mistério, que o tempo guardará… dedico este post à minha mãe [que nunca os comenta, mas os lê… e acredita que as palavras têm um poder de salvação…].
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Foto não tão recente, pormenor da sala da casa materna

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Alt + Ctrl + Del



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Alt + Ctrl + Del... 3 teclas de uma só vez, apenas.
Olhos fechados, no escuro do visor. Dor de cabeça em off...
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Neurosilêncio. Existe?
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Foto de Luís Paulo Rocha, in olhares.com

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Antecipações de uma Sombra...


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[Dos factos…]
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Ontem, vim da Escola numa espécie de estado de choque [não devo ter sido a única…].
Voltarei, amanhã, para o início dos meus [nossos] trabalhos…
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As árvores e os jardins, que me deleitei a fotografar, durante um ano, de quatro estações [das raras âncoras que me prenderam o ânimo], estão afundados em contentores, futuras salas de aula… e reina a demolição.
Porque haverá pouco espaço, muito barulho de obras e… tudo o que por aí virá, não trouxe um horário, mas trouxe um esboço de uma mancha horária, que presumo ser o resultado para evitar horários mistos e ajuntamentos… Assim, mantenho as turmas dos cursos tecnológicos e experimento, pela primeira vez, uma disciplina híbrida num curso profissional. Perdi uma turma que terá aulas de manhã…
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[Para além dos factos…]
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Não sou, certamente, uma optimista… a longa manhã de ontem serviu para o comprovar. Apesar de não me poder queixar da rotina de mais um ano, não era bem este tipo de mudança que me faria querer continuar.
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É certo que tinha dormido pouco… enganei-me com o despertador e acordei de madrugada [vou ter que me habituar, de novo, a este objecto execrável…]. Dei várias voltas ao quarteirão para conseguir estacionar o carro, porque o parque deixou de existir, obviamente, antecipando cenários futuros e similares…
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Hesito na vontade de voltar… Hesito. Este verbo persegue este meu retorno à Escola. Não fossem os alunos, concretos e singulares… e… a memória do ano passado não passaria de um ano fantasma [em que me senti uma sombra atrás de mim, muitas vezes à minha frente, a ditar-me o trajecto e a forçar-me a trabalhar, lá e aqui, em casa, contra o tempo, de costas viradas para o lugar, com o nariz enfiado no portátil, sempre em posição trípede!...].
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E essa sensação transmigrou para todas as outras dimensões de um quotidiano patético, que não me apetece repetir.
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[De momento, não sinto qualquer lucidez, que me permita pensar em estratégias sensatas, que me impeçam de voltar a olhar-me, assim, difusamente… cada vez a reconhecer-me menos, no pouco tempo que me sobra para mim, porque já sinto que não sobra … e volto a ver a minha sombra a tocar-me no ombro e a puxar-me… um destes dias, a falar por mim…]
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