sábado, 30 de agosto de 2008

Count-down...


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Pé que brinca... acabou-se a brincadeira.
Se não gostaste da dança... dançasses de outra maneira.
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[Time-out]
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sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Do dormir e do acordar...


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De que vale acordar cedo?
Ainda em época de interregno de férias, acorda-se para um pequeno-almoço... para um banho e roupa lavada... para mais um dia [mais mal ou bem humorado... mais mal ou bem passado].
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Não sei se foi ontem, se foi anteontem... que passei pela antiga Baixa portuense, a pé.
Há pessoas que devem achar que não vale a pena acordar... mas lá estão, de mão estendida, com longas mensagens escritas em cartões, como no tempo em que eu era miúda e passava pela Baixa portuense, menos antiga [por razões da minha pouca idade, na altura]. Ficava para trás, para tentar ler... Alguém me puxava pelo braço, com um esticão, depois de deixar uma moeda, porque a miséria alheia não se contempla, que é falta de educação!...
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Em tão poucos anos [afinal], o passado revive-se no presente, nestes rostos estranhos...
As trajectórias, dos que passeiam pelas ruas, tendem a esquivar-se e muda-se a declinação da passada.
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[Ainda tento ler. Ainda alguém me puxa, pelo braço, porque me esqueço de declinar a passada. Por outras palavras, o que lá está escrito, com erros ortográficos, tinta desbotada e retocada, podia ser a pergunta - Vale a pena acordar?...]
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Foto de Carlos, in olhares.com

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

De certas paragens...


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Muito a medo, sem mexer demais a cabeça… a dor é, ainda, recordação recente.
Medo futuro… inseparável inevitabilidade…
Anuncia-se. Instala-se. Vai.
E voltará.
É sempre uma questão de tempo. Desde os tempos que me conheço…
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Entre a revolta, sempre… e o silêncio triste… mora tempo perdido, quase morto.
Aceita-se o que não parece ter remédio [porque ao ser, assim, remediado está… paragem que não se deseja… dormência que faz parar… quando se pode…].
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[Hoje recomeça-se, devagar… ânimo preso… asa caída… dorida.]



com filtro de nightshot, foto nocturna
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sábado, 23 de agosto de 2008

Como o céu...




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E, porque está sol, neste acordar de sábado de manhã, apetece falar do céu azul e de como mudam as pequenas nuvens, quando não são de ameaçadora chuva.
Azul e farrapos de branco que se reconstroem em alguns segundos, enquanto se prepara a máquina fotográfica para uma nova foto… em movimentos descansados.
Aí, dou-me conta, de que parece ser este o sentido da palavra férias.
Calmamente, observa-se. [Calmamente… sem pressa… sem um propósito qualquer…]
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Reconcilio-me com o tempo. Não preciso de o contar, não o quero controlar. O que aparece, acontece[-me].
O céu é azul e tem pequenas nuvens brancas, que mudam velozmente, como se fossem elas a preocupar-se com o tempo que passa. Redesenham-se apressadas, sob o meu olhar [parecem dizer: este desenho é para ti!].
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O propósito não é meu. As horas não me pertencem.
Não procuro mais, para além do azul do céu… e há uma certa sensação de liberdade [episódica, pouco importa…], neste contentar-me em não ter que pensar no que se passa aqui, aos meus pés, onde estes pousam, por onde andam, com quem partilham o mesmo chão.
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Ainda que pouco tempo dure, ó episódica e ilusória liberdade, acontece[-me]!…
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[Por instantes, esta breve reconciliação parece redentora. Limpa outras nuvens negras de um ano inteiro, em desenhos frágeis e efémeros, que me apetece acreditar, que só eu vi…]
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Passagens [3]


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Sentada na mesa, a tomar o pequeno-almoço, o comboio passa a uns metros de mim e do vidro da janela grande. O chão treme. [Alguém diz adeus... por vezes.]
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.Segue o primeiro, em direcção a Valença.
Segue o segundo, em direcção ao Porto.
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Os comboios lembram-me viagens.
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[No entanto, permaneço. Fotografo. Ouço, de novo, o silêncio da linha e da casa. Porque, nem tudo se passou lá fora...]
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Agosto V.N. Cerveira, exterior da Casa do Artista

Passagens [2]







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Subir...
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Encontrar!
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Descer...
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[Descoberta. Silêncio. Passagem...]
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Agosto em V.N. cerveira, exterior da Casa do Artista

Passagens [1]



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De cá para lá...
De lá para cá...
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Do sol para a sombra...
Da sombra para o sol...
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[Permanência. Deslocação. Passagem...]
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Agosto V.N. Cerveira, exterior da Casa do Artista

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Da arrumação dos regressos…



[Noite]
[Manhã]
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Balbuciantes palavras, estas minhas…
Não é que não tenha escrito, durante estes dias, fora do Porto… Mas, foi um processo solitário, de manhãs roubadas, dentro de casa, onde o frio predominou, com aparições de chuva, sobretudo matinais.
O acordar foi sempre cedo, porque havia frio e humidade e demasiada luz a entrar no quarto… [Ainda bem, que a minha condição e reputação de friorenta, me fez levar camisolas de lã e calçado quente… duas tardes de sol, mais ou menos forte, foram um presente inesperado e gratificante…]
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Não é que não tenha falado, já que, no resto do dia estive sempre acompanhada.
Era um grupo, razoavelmente, grande e falar seria esperado… E trocar ideias…
Mas, nem tanto… As pessoas trocam, cada vez menos, umas com as outras. Ou, porque não têm grande coisa para trocar, ou porque não lhes apetece… [para não comentar a qualidade da troca, que é sempre subjectiva e, quem sou eu, para julgar os outros?].
Em certos contextos, há tendências que não parece valer a pena contrariar.
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Vence o monólogo, ou o silêncio, que terão as suas potencialidades, não sei… Não tenho grandes certezas quanto a isso. [Apenas sei, que tento contrariá-los quando dou aulas. Não tenho que o fazer quando estou de férias, embora a deformação profissional, ainda, me tenha sido apontada. Aí, calei-me, definitivamente]. E calar-me-ei, de futuro, em idênticas circunstâncias. Fica aquela sensação pobre, de estar a perder tempo, que eu não gosto de sentir, mesmo em férias…
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Que não se tratou bem de férias… mas, de trabalho. Quanto a isso, não há grande coisa a dizer, a não ser que correu bem. Pena é, que os últimos dias sejam, sempre, tão cansativos e nos façam regressar com a sensação de que quase adoecemos… e sem grande vontade de voltar a abandonar o ninho. Ficam os voos adiados, ou modificam-se as trajectórias… sonha-se em casa… escreve-se em casa… rondam-se lugares mais próximos…
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Mas, gostei desta semana, apesar da sensação da arrumação dos regressos [arrumação das malas e do seu conteúdo, arrumação das ideias que se construíram e da lembrança de algumas pessoas que, inevitavelmente, deixam a sua boa marca].
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Mesmo assim, ainda balbuciantes, as palavras teimam em enrolar-se. Teimam em não ser uma composição coerente… Ainda, sinto os lugares sobrepostos e a mente repartida.
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[Amanhã. Talvez amanhã… Amanhã acordarei cedo e verei o lugar onde a mente pousa. Depois… quem sabe, um pequeno voo, nem que seja virtual!...]
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Agosto em V.N. cerveira, Foto 1 e 2 casa do artista Foto 3 tarde de sol

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Saudades de um "menino" grande...


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Boas férias para o meu filho, de quem já sinto saudades...
Apesar de saber, que está onde quer estar, que está bem acompanhado, que não lhe faltará nada [a não ser o sol...], não deixo de sentir saudades.
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Também irei arrumar as nossas malas, para seguir na direcção oposta, metáfora do crescimento dos filhos e do largar amarras... sem deixar de gostar... sem deixar de querer... sem deixar de sentir...
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[Retemperados virão, espero, mais morenos e saudáveis, também... prontos para mais um ano de trabalho e incógnitas, porque, estar a caminho da idade adulta, não é nada fácil, mesmo se os adultos signficativos estão por perto... porque a vida deles nunca foi, realmente, nossa... e nunca tive essa pretensão...]
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Fotos não tão recentes do meu filho

E a chuva continua...




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À medida que as horas passavam a chuva insistia em cair, em bátegas cada vez mais fortes.
Gosto de andar à chuva, de carro, ao lado do condutor, claro. [Privilégio de quem, ainda, pode e tem como se deslocar, assim, mesmo em dias de chuva...]
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Parece que tudo fica filtrado por um véu pardacento, mas... que não deixa de ter o seu encanto.
Pena que seja em Agosto, em vésperas de viagem, para o norte...
Pena que seja em Agosto, quando a minha prole [bastante autónoma], acabou de se instalar, mais a sul, para fazer uns dias de praia...
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Tirando o Agosto, até que saberia bem... a cidade fica mais limpa [o lixo escorre para o rio Douro, que o levará até ao mar, que o trará às praias..., sem qualquer intervenção da autarquia, diga-se.].
O ar, desanuviado, torna-se mais respirável...
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[E mais uns assuntos tratados... que não podiam ser adiados... Finalmente, estão resolvidos. Férias produtivas, estas minhas férias... quem diria?... Só não sei, se esta chuva de Agosto, fará bem às uvas? Não é que tenha quintas no Douro, mas lembrei-me da pequena latada do meu avô paterno, há muito perdida, no tempo, e preocupei-me... em vão. Também pensei nas vinhas de uma agricultura, ainda de subsistência, escondida e camuflada... e preocupei-me... também, em vão, muito provavelmente!]
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Fotos tiradas no carro em andamento, rotunda junto ao Castelo do Queijo

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Sem título... agora.

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Com tanto zoom, era esperado ver o movimento dos marinheiros sobre o convés...
Mas não. Apenas as luzes de um final de tarde [como sempre ventoso e húmido], nas praias do norte, perto do Porto.
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E um pormenor insólito, a que nenhum de nós resistiu e captou, abanando ao vento norte... de nortada.
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[Aconteceu no tempo em que se filmava, em que fazíamos pequenos filmes experimentais e tirávamos alguns prazeres dessa actividade... morosa... a dois.]
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Frames de takes de 2001, Perto do farol da Boa Nova

domingo, 10 de agosto de 2008

De certa maneira... a china, aqui tão perto...


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Num dos nossos regressos ao Porto, de uns poucos dias, durante este mês de Agosto, em que estivemos fora, passámos pelo supermercado para comprar aquelas pequenas coisas, que não se deixam ficar e dá jeito ter em casa, tais como pão fresco e fruta…
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Nem saí do carro. Fiquei virada de frente para os prédios.
Para não me esquecer que tinha chegado ao Porto, ali estava, outro velho conhecido, talvez à espera que o supermercado fechasse, para vasculhar no lixo o seu jantar, como vejo fazer, tantas vezes, a tantos outros, quando os contentores são colocados na rua, na hora de fechar. Tiram, meticulosamente, caixas de fruta, de iogurtes, de carne, escolhem, voltam a compor o caixote e a fechar a tampa…
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As pessoas continuam a fazer a sua vida normal, como se não os vissem, passam e seguem… O Porto também é um lugar de contrastes e mendicidade… todos os dias… e não só neste, em que me atrevi a captar um instantâneo de pobreza… [também, de indiferença…], porque a vida segue em frente para quem tem outros afazeres.
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Pensei em escrever sobre isto, naquele dia, porque é tão comum este cenário… já não se esgota em zonas como o Marquês. Não são velhos a pedir, normalmente. São homens e mulheres com um olhar alienado e perdido… são portugueses e estrangeiros… [Alguns, com a minha idade...]
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Depois desta foto, alguém passou a recolher beatas no chão e a guardá-las no bolso de uma camisa suja, sem olhar para ninguém a não ser para o chão, carregado delas. Presumo que escolhia as maiores. Lembrei-me dos mesmos gestos, de quem apanha conchas na praia e deita fora uma, porque descobriu outra bem mais bonita. [E não me senti, nada bem, comigo própria, quando acabei a comparação…].
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Quando cheguei a casa, passei as fotos da máquina para o portátil, olhei para esta e resolvi não lhe pegar mais. Não pedi licença para a tirar… foi um gesto quase predador… de miséria alheia.
No entanto, depois dos posts anteriores e do comentário da Mdsol, lembrei-me dela. Resolvi ir buscá-la, porque não é preciso ir à China… [nem para ver os Jogos Olímpicos, no seu maior esplendor…] e eu não tenho nada contra os Jogos Olímpicos, ou contra os chineses, enquanto indivíduos… Os desígnios desta escolha, de Beijing, são tão complexos, que outros, bem mais habilitados do que eu, já devem ter discursado e escrito autênticos tratados políticos e económicos sobre o assunto…
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O que é um facto, é que não me apetece ouvi-los, ou lê-los. Também sei que perdi a vontade de espreitar para a televisão e seguir algumas das competições de que tanto gostava… e se as encontro, ocasionalmente, não tiro o mesmo prazer [embora as performances e os tempos tenham melhorado, ao longo destes anos].
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[Penso que não é da idade e de algum desânimo pessoal, dos últimos tempos. Penso que é dos tempos, mesmo. Penso que é da pobreza generalizada, que já nem consigo deixar de fotografar, sem pedir licença…]
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.Foto de Agosto de 2008, Porto ao final do dia

sábado, 9 de agosto de 2008

China [5]


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Das cidades proibidas...
E dos exércitos parados...
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... no tempo?
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em olhares.com, Foto 1 Luís Santos e Mafalda Sousa Foto 2 Fernando Penim Redondo

China [4]



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Outros exércitos...
Os ancestrais e ostensivos...
Os contemporâneos e escondidos...
Contrastes!
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em olhares.com, Foto 1 José Alexandre mendes Foto 2 Jaime Tiago

China [3]


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Costas arredondadas e curvas,
com fome, em Shanghai.
Mendicidade!
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de Tiago Barata, em olhares.com, Foto de mendigo

China [2]


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O olhar e a espera... na cidade grande.
Costas arredondadas e curvas.
Velhice!
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em olhares.com, Foto de Flávio Simões

China [1]


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Pés imersos na lama.
Costas arredondadas e curvas.
Arroz!
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em olhares.com, Foto de mulher a trabalhar nos arrozais de Helcir

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Das árvores que rompem o céu...




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As árvores fazem-me falta. Sempre...
Gosto de as olhar, assim, de baixo para cima.
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Parecem querer rasgar o céu... chegar mais alto, ainda. São árvores... crescem, magestosas, nesta ilusão, que me apetece reforçar, nestes meus olhares rasteiros. [Ali ficaram, ali estarão, ali são!]
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Conseguem conviver com a urbanidade, também... [E, ainda bem.] Não gosto de cidades sem árvores. Preciso delas.
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Hoje, acordei a sonhar com Nada... ao mesmo tempo, a sensação de acordar foi de alívio... como se o meu sono inquieto fosse um emaranhado de pesadelos sem nome, sem rostos, sem assunto [coisa rara e que, normalmente, nunca acontece]. E precisei de ver árvores...
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E a vontade de as ver não se esgotou na palmeira do meu rectângulo urbano [que também se aventura em direcção ao céu, ultrapassando os limites da janela do meu quarto, prometendo ser uma grande árvore, que ajudei a plantar...].
Precisei de mais... precisaria de uma floresta inteira! Talvez precisasse, mesmo, de me perder num passeio, sem horas e sem migalhas de pão, para me ditarem o regresso... [na esperança de que os pássaros as comessem... tal como na história...].
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[Floresta... só se for de ruas e casario, por hoje, ainda. Há assuntos(inhos) para resolver, que não se compadecem dos meus desejos de me perder em florestas com árvores é árvores e árvores...]
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Fotos de árvores quase nuas, sem que me lembre da data

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Para lá de...

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Para lá do movimento... para lá das pessoas... nas traseiras escondem-se recantos únicos, quando as sombras do dia se instalam, alheias ao que se passa lá dentro.
[Alheia... também, eu?]
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E as cores e os efeitos do tempo, também se fazem sentir para lá de... com um toque discreto e simples, onde as palavras não chegam, onde os discursos não se ouvem, onde parece que algo parou e estava à espera... de um olhar.
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[Porque não? Assim, olhei... não pude deixar de olhar... cansados os olhos de tanto ver... cansados os olhos e... sem muito mais para dizer...]
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Fotos de Agosto de 2008, V. N. de Cerveira

Das mãos e da sua serventia...


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Depois de tantos dias sem escrever, aqui, parece que perdi o treino… ou a vontade.
As minhas mãos pressionam as teclas, hesitantes. Tentaram escrever outras escritas e desistiram. [Apenas algumas anotações, que julguei úteis...]
Não terei muito para dizer.
Talvez me apetecesse fazer!...
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Questiono o sentido das férias… Se são para retemperar o corpo, apenas me fizeram senti-lo mais, naquilo que, dolorosamente, teria para me dizer. Para poder descansar, supostamente, tive que o ignorar, até onde pude… até onde deu, para o conseguir… Lá o carreguei, de um sítio para o outro, naquela tentativa de contrariar a modorra que sentia [sem horários para cumprir e horas para chegar…].
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Não fui feita para descansar, creio eu. Sem grandes expectativas [ou nenhumas] aguardo outras saídas, não tão episódicas e outros regressos. As minhas mãos anseiam por outras ocupações. E começo a perceber que as tais férias [conceito que só faz sentido porque trabalhamos demais… nos cansamos demais… e não paramos quando queremos…] caminham para o seu fim. Fica a sensação de desperdício. Fica outro tipo de cansaço. Fico sozinha com as minhas mãos…
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E resolvo que não estou de férias. Que é melhor pensar assim… que é melhor não pensar nelas… que é melhor deixar-me levar para onde me chamam e esquecer a promessa de descanso, porque não sei descansar… [não sei porque desaprendi tanta coisa, com o tempo… até a conviver com o próprio tempo, mesmo quando pus o relógio de quarentena e não olho para as horas que passam… porque sei que passam…].
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Sinto as mãos vazias. Lamentavelmente, não me servem… não são as mãos que tanto me serviram… e não sei como olhar para elas, sem as sentir tão estranhas, tão pouco minhas. E não preciso de espelhos para confirmar tal estranheza. Consigo olhar para elas, aqui de cima, dos meus olhos… que insistem em latejar, quase a doer…
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Será da idade, mas não me apetece viajar para destinos turísticos… Não me compraz a ideia de poder enfiar-me num avião e chegar a um sítio exótico, só porque é exótico, confirmar esse dado, deixar tanto por conhecer... e voltar, com um punhado de lembranças, cada vez mais digitais e em formato de fotografia…
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[A viajar para longe… longe… a minha vontade seria nunca mais regressar. A minha vontade seria ficar e dar às minhas mãos outras serventias, ocupá-las em outros lugares e trocar as voltas ao tempo, talvez… quem sabe…na ilusão de que pudesse recomeçar…]
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de Marlene, Foto de olhares.com