sábado, 23 de agosto de 2008

Como o céu...




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E, porque está sol, neste acordar de sábado de manhã, apetece falar do céu azul e de como mudam as pequenas nuvens, quando não são de ameaçadora chuva.
Azul e farrapos de branco que se reconstroem em alguns segundos, enquanto se prepara a máquina fotográfica para uma nova foto… em movimentos descansados.
Aí, dou-me conta, de que parece ser este o sentido da palavra férias.
Calmamente, observa-se. [Calmamente… sem pressa… sem um propósito qualquer…]
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Reconcilio-me com o tempo. Não preciso de o contar, não o quero controlar. O que aparece, acontece[-me].
O céu é azul e tem pequenas nuvens brancas, que mudam velozmente, como se fossem elas a preocupar-se com o tempo que passa. Redesenham-se apressadas, sob o meu olhar [parecem dizer: este desenho é para ti!].
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O propósito não é meu. As horas não me pertencem.
Não procuro mais, para além do azul do céu… e há uma certa sensação de liberdade [episódica, pouco importa…], neste contentar-me em não ter que pensar no que se passa aqui, aos meus pés, onde estes pousam, por onde andam, com quem partilham o mesmo chão.
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Ainda que pouco tempo dure, ó episódica e ilusória liberdade, acontece[-me]!…
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[Por instantes, esta breve reconciliação parece redentora. Limpa outras nuvens negras de um ano inteiro, em desenhos frágeis e efémeros, que me apetece acreditar, que só eu vi…]
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11 comentários:

  1. é pra ti! :)

    belo dia hoje, maravilhoso!!

    fora da cidade onde tudo é: se é.

    o poema é seiva

    mutante e prevalecente

    é raíz seiva e reza

    não há passado não há futuro

    há um contínuo

    presente

    que é preciso habitar, acho.

    o único onde somos

    agora ser :)



    beijo



    ~

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  2. Olá,

    Eu acho que as nuvens são elementos fantásticos, pois parecem tão calmas, tão harmoniosas, tão... mas a verdade é que podem causar tanto...

    Por vezes dou por mim a olhar para elas, como em criança e a descobrir formas, que também sinto que são dirigidas a mim, e pergunto se mais alguém estará a ver o mesmo que eu, pelo menos da mesma maneira.

    "Ainda que pouco tempo dure, ó episódica e ilusória liberdade, acontece[-me]!…", também ajudam nas férias daqueles que não as podem gozar fora do país por exemplo, e que passam muitas fronteiras.

    Beijinho

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  3. Porque estou a ter um sábado de férias desses, "sem tempo" nem corrida para fazer nada, li o seu texto e apeteceu-me dizer "olá".
    Hei-de voltar.

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  4. A liberdade, como a felicidade, é um momento fugaz e precário que se vive e desaparece, ficando a memória e a conciliação com a vida!
    Gostei muito do texto e do céu "magrittiano" das fotos:))

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  5. Que lindo estado de espírito e tão bem fantasiado! O Sol, as núvens, ar que respiramos...e o chão que pisamos...alegres com a inocência do tempo...

    abraço

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  6. Uma rosa breve
    Uma hortênsia de alva cor
    A terra molhada pelo sereno
    Nos celeste paira um Açor

    A madeira verde, a dança do fogo
    O embalo do loureiro no vento, o alecrim
    Um ribeiro de inquietas águas
    Levam o perfume das mágoas em viagem sem fim


    Convido-te a sentir a minha paleta de aromas


    Mágico beijo

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  7. Lindo e retemperador o teu texto! Gostei de ler e de ver e... cá estamos, com o azul e os farrapos brancos das nuvens!
    beijos

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  8. que o levasse
    ao grande rio


    e a seguir


    o ondulasse
    assim sem mar

    ((ali ficar




    um nome havia
    a meio leito


    adormecido
    gruta de peixe




    água tecida
    fio a pavio)

    a murmurar





    :)

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  9. parabens pelo post, pela sensibilidade. Lindo teu blog. Gostei.
    Maurizio

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