sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Do dormir e do acordar...


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De que vale acordar cedo?
Ainda em época de interregno de férias, acorda-se para um pequeno-almoço... para um banho e roupa lavada... para mais um dia [mais mal ou bem humorado... mais mal ou bem passado].
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Não sei se foi ontem, se foi anteontem... que passei pela antiga Baixa portuense, a pé.
Há pessoas que devem achar que não vale a pena acordar... mas lá estão, de mão estendida, com longas mensagens escritas em cartões, como no tempo em que eu era miúda e passava pela Baixa portuense, menos antiga [por razões da minha pouca idade, na altura]. Ficava para trás, para tentar ler... Alguém me puxava pelo braço, com um esticão, depois de deixar uma moeda, porque a miséria alheia não se contempla, que é falta de educação!...
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Em tão poucos anos [afinal], o passado revive-se no presente, nestes rostos estranhos...
As trajectórias, dos que passeiam pelas ruas, tendem a esquivar-se e muda-se a declinação da passada.
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[Ainda tento ler. Ainda alguém me puxa, pelo braço, porque me esqueço de declinar a passada. Por outras palavras, o que lá está escrito, com erros ortográficos, tinta desbotada e retocada, podia ser a pergunta - Vale a pena acordar?...]
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Foto de Carlos, in olhares.com

7 comentários:

  1. Oh minha linda um ar de...

    Os teus posts são absolutamente necessários, essenciais.
    Para nos dares textos destes... Em que as imagens das palavras ainda acentuam a palavras da imagem.
    Pões-me um travão nas minhas sonolências (ultimamente) quase cultivadas!

    Mas tu... também tens de te poupar!

    beijos de como tu és irrepreensivelmente atenta e não dás descanso à tua atenta sensibilidade

    :)

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  2. Querida Mdsol,

    Este post foi escrito depois do teu: "Dúvidas de quem acorda tarde", onde não te encontrei nada sonolenta, bem pelo contrário...
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    Quanto à tua atenção, ela expressa-se, sempre, com uma sensibilidade que tem o teu rosto e que me faz falta. [Assumo que não faz só a mim e acho que assumo bem...]
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    [Beijo de não estou a trocar galhardetes...]

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  3. hoje é noite de ritual

    no palacio

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  4. Es uma grande analista. Sinto-me cativado pela tua prosa, pelo modo como desvestes os feitos.

    Claro que vale a pena acordar, como não! O que ocorre é que certas pessoas não querem enfrentar-se á vida, e optam por fazer o mais fácil, que é o pedir.
    Escrevi algures, não recordo donde, dois casos relacionados com os que pedem. Um em Custóias e o outro em Valência. Nenhum deles necessitava de pedir, fazia-o por norma, para uns ingressos extras.
    Alguns sim estão necessitados, e muito, hoje em dia isso faz-se mais frequente, mas existem muitos modos de subsistir sem que seja com esticar o braço e abrir a mão.

    Nunca te arrependas do que pensas nem do que fazes, sempre que esteja presente o sentido comum. O teu marido também podia ter ido. Bom, já passou, vivamos o hoje.
    Isto vai afiançar o futuro, sem nenhuma dúvida...
    Não estou obrigado a nada, tudo aquilo que digo e faço é porque o sinto.
    Tu inspiras ternura e, como tal, recebes afecto.

    Um beijo de comprazido

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  5. mientras despertemos significara que estamos vivos
    saluditos

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  6. Tão triste, tão triste, não ter razão para viver!

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  7. Olá querida um ar de...
    Cheguei. Mas estou lenta. Como se me faltasse aquela temperatura tão boa para o meu corpo que todos os dias senti como uma benção no Rio de Janeiro.
    O teu post parece a propósito. Das muitas memórias que trago daquela belíssima cidade, algumas são assim, de gente a dormir espalhada pelo chão da cidade. Praia, bancos, recantos. Também por respeito, evitei a fotografia. Dei comigo a pensar, ao olhá-los, que ao menos ali até no Inverno é quente. Assim me aconcheguei a mim própria perante a dureza de os ver.

    Um beijo grande

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