sexta-feira, 21 de março de 2008

A Paixão [de Cristo]...


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Novamente, esta é a minha Árvore da Páscoa... instantâneo conseguido entre reuniões e montanhas de papel. [É a mesma árvore de natal, que não está em minha casa... Estranhamente, tem o condão de se adaptar aos episódios bíblicos...]
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Esta copa lembra a coroa de espinhos de um Cristo cruxificado. Dizem que morreu por nós...
Durante os anos da minha infância nunca percebi tal sacrifício. Se Deus foi pai, não o queria para mim!...
Quem tinha olhos humanos para ver um filho morrer foi outro pai. Esse sim, deve ter-se afastado [porque não se fala dele durante os dias que antecederam o fim anunciado], talvez para não chorar lágrimas de revolta, por toda uma vida de enganos e mentiras e injuriar Aquele que lhe retirou, até, a paternidade biológica. [Tinha o nome do meu pai e chamava-se José.]
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Quanto à mãe, deve ter sofrido, pois claro, mas sempre desconfiei de uma mãe que deita o filho completamente nu, recém nascido, sobre umas palhas de mangedoura, sem o tapar com o manto, para ser aquecido pelo bafo impuro de um burro e de uma vaca. [A minha mãe conta que nos meus desenhos de natal, cobria sempre a criança com um pano e a mãe aparecia de ombros descobertos...]
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Na idade em que se comparam as religiões percebi que um filho de um Deus, que se fez homem, que morreu por nós, faz toda a diferença: eis a única religião revelada!... [O catolicismo precisava deste sadismo, para sair do Oriente e se tornar uma religião do Ocidente. É capaz de fazer sentido, para além de outras coincidências históricas, que não vale a pena relembrar, mas que terão a ver com o facto de gente mais poderosa ter utilizado a religião de um bando de pobres para tomar o poder político e económico, pois então!...]
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Páscoa foi o cansaço destas últimas semanas, para mim...
Páscoa é o anúncio da primavera nestas heras verdes, rastejantes e parasitas...
Não deixam de ser lindas e verdes, subindo pelos troncos, alimentando-se do que encontram [tentaculares e mais rápidas que a própria primavera...]
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Assim parece ser. Não gosto da ideia de alguém ter que morrer por mim.
[Não gosto da ideia de me sentir verdejante por comer o corpo de Cristo e beber o seu sangue... Nunca gostei.]
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Instantâneos de um jardim interior, numa quinta-feira santa

11 comentários:

  1. post muito bonito. na forma e no conteúdo...o texto... a árvore... tudo!
    obrigada
    beijo

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  2. Olá :)
    Antes de mais quero agradeçer o simpático comentário que me deixou, retrata as reuniões, as quais felizmente já me proporcionaram a visualização das notas deste 2º período.
    Gostei muito deste seu post, tendo como pormenor a árvore, a qual gostei.
    Beijinhos

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  3. As fotografias das árvores lindas e adequadíssimas. O texto, como sempre, muito bem escrito.
    Um beijo

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  4. "[A minha mãe conta que nos meus desenhos de natal, cobria sempre a criança com um pano e a mãe aparecia de ombros descobertos...]"




    ..





    tão
    tão
    bonito
    de imaginar....





    @-,-'-

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  5. Olá Sra. Professora :)
    Agradeço o seu simpático comentário.
    Reparei no pormenor que também é do Porto, talvez a simpatia tenha a ver com isso também ;)

    Beijinhos

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  6. Sei que já começo a ser chata , mas achei engraçado o título deste seu texto e o filme que está a passar agora na TV , é o mesmo :D

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  7. criam-se mitos na base do medo...

    gostei de te ler

    abraço

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  8. Olá linda!
    A tua árvore é um espectáculo. Tens que ma mostrar ao vivo. E como ela está sempre preparada para as épocas das festas.
    Espero que estes dias estejam a ser de merecido repouso para quem passa os dias a aturar a má educação dos filhos dos outros, quando não as permite aos seus...

    Bom descanso

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  9. Olá :D
    Queria saber quando vou ter a oportunidade de ler outro texto seu actualizado :D

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  10. Não sei Marta,

    Talvez hoje...
    Talvez não.

    Tenho tanta coisa para fazer!...
    E perco tanto tempo quando tenho que sair para tratar de algum assunto que deixei pendente para estes dias...

    Nem metade devo conseguir resolver. É que as pessoas "normais" guardaram esta época para fazer um verdadeiro interregno e partir para ouros sítios...

    Mesmo que pudesse, não estou com muita força física para me "deslocar" para outras paragens.

    Acho que vou caminhar um pouco, já que estou sozinha em casa e depois, logo se vê em que estado chego.

    [BEIJO]

    P.S.: Mas já estive no teu blog...:)

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