sábado, 19 de abril de 2008

Abri(l)...


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Temos reserva de água até 2009, ouvi ontem de manhã, a caminho… depois da madrugada obrigatória de sexta-feira.
A terra estará bem encharcada, para quando chegarem os incêndios…
[O húmus, também terá entrado nas profundezas dos campos, que estão em pousio, presumo. Ou presumirei mal?]
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A mim, esta chuva de Abril, Águas Mil, fez-me piorar.
Acordei com a sensação de um “piquinho” de febre… [logo eu, que tenho temperaturas de animal de sangue frio…]
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Lá fora, a chuva continua a cair. Ouvi-a de noite. [Onde será que os sem abrigo se abrigaram? Parece não haver sítio onde a chuva não chicoteie, com rajadas de vento, que a fazem rodopiar... E há os velhos conhecidos que circulam por aqui. Onde estarão?]
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A chuva, vejo-a, agora, que me levantei e olho para o jardim, como se fosse ainda noite, como se fosse ainda ontem...
De repente, volta a cair com força.
Forma um tapete líquido e quase uniforme, de assustar.
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Mais dois dias sem sair de casa, a tentar curar o que não melhorou…
Já não vou onde queria ir. [Se calhar, nem queria muito…]Aproveitarei para trabalhar…
Se puder, para descansar …
… E talvez tenha que ser vista por um médico… [Essa parte, saltaria de bom grado!]
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Só para variar, mesmo só para não ser sempre igual, gostava de acordar, um dia [um dia que fosse…], sem me doer nada. Nada.
Aí, faria uma festa para o meu corpo, só para ele!... Alimentava-o com tudo o que quisesse!... Faltava ao trabalho para o sentir rodopiar de felicidade…
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Como esse dia já me cansou, de o esperar, alimento-o, porque é preciso e vou trabalhar. Depois, esqueço-o, sempre que posso [e ele deixa] e regresso, numa eterna zanga conformada.
Pensarei sempre que podia ser pior [com a nostalgia de quem não deixa de desejar que pudesse ser melhor…] e à revelia, com a rebeldia do hábito, lá me faz companhia, sempre atrás de mim, um pouco mais atrás... mas, faz-me companhia.

[Houve noites em que sonhei que o corpo era a minha sombra. Só o via plasmado em cinzento, no chão. Mas lá estava, à espera de um movimento meu. Não o fiz. Fiquei imóvel até acordar. A sombra não se mexeu, que eu vi!...]

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de uma mão que podia ser a minha, Foto retirada da net e manipulada
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13 comentários:

  1. recomendo yoga, para estares mais em paz com ele....

    talvez, não sei se falo acertadamente, não sei o suficiente de ti...

    mas.



    abraço amigo.


    eu também.

    abri(l).

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  2. Mais um excelente retrato teu, que afinal é um retrato de todos nós.
    Este texto corrobora a opinião que te transmiti, há uns dias...

    Bom fim de semana, indolor mas colorido :)

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  3. Olá :D
    Antes de mais começo pelo título, muito sugestivo.
    Devo dizer que gosto bastante da chuva, prefiro-a ao frio, mas no nosso país aliam-se os dois :S
    E depois sim, há tendência para sentir febre e tal.
    Mas eu gosto da chuva, e contribui para as reservas de água.
    Ouvi dizer que mais 40 anos e não temos água, mas já ouço isso faz tempo há que falar com seriedade.

    Recebi o teu comentário, mas não entendi como.

    Beijinhos

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  4. fervilhante texto. talvez devido à pontinha de febre.

    não desistas dessa festa que tens reservada para o teu corpo. não há mal (no caso dores) que sempre durem!...

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  5. Peço desculpa pela complicação.
    Quer que elimine o seu comentário?
    Já a adicionei no messenger.

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  6. Minhas queridas,

    Qual Yoga... qual descanso... [antes tivesse sido].

    Foi médico, com sotaque sul americano [aliás, velho conhecido e que sabia do meu horror a fármacos, lembrar-se foi estranho, depois de tantos anos!... porque nunca são os mesmos].
    Receitou anti-biótico e "outros" que tais, que me dói o estômago, antes de iniciar a intoxicação...

    O caso é "grave"... e se quero ir trabalhar segunda-feira... enfim...

    Bahhh...

    [Beijos doentes]

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  7. Marta,

    Faz-me esse favor!...
    Até breve. Não foi nada de grave...
    Bem pelo contrário.


    [BEIJO para ti]

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  8. Amigo Herético,

    Como diria a minha avó, que me parecia gozar de excelente saúde e "foi-se", tão nova, restar-me-ia a esperança no que ela dizia: "mulher doente, dura sempre".
    Mas, assim, também não quero!


    [BEIJO]

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  9. Pena é que o que comentou vai também :P

    Mas apago.

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  10. pronto para te animar um poema:
    Eu conheço bem a fonte
    Que desce aquele monte
    Ainda que seja de noite
    Nessa fonte está escondida
    O segredo dessa vida
    Ainda que seja de noite
    "Ê ta" fonte mais estranha
    Que desce pela montanha
    Ainda que seja de noite
    Sei que não podia ser mais bela
    Que os céus e a terra, bebem dela
    Ainda que seja de noite
    Sei que são caudalosas as torrentes
    Que regam os céus, infernos, regam gentes
    Ainda que seja de noite
    Ainda que seja de noite
    Ainda que seja de noite
    Assim como todas as portas são diferentes
    aparentemente todos os caminhos são diferente
    Mas vão dar todos no mesmo lugar
    O caminho do fogo é a água
    Assim como o caminho do barco é o porto
    O caminho do sangue é o chicote
    Assim como o caminho do reto é o torto
    O caminho do risco é o sucesso
    Assim como o caminho do acaso é a sorte
    O caminho da dor é o amigo
    O caminho da vida é a morte
    Nessa fonte está escondida
    O segredo dessa vida
    Ainda que seja de noite
    "Ê ta" fonte mais estranha
    Que desce pela montanha
    Ainda que seja de noite
    Sei que não podia ser mais bela
    Que os céus e a terra, bebem dela
    Ainda que seja de noite
    Sei que são caudalosas as torrentes
    Que regam os céus, infernos, regam gentes
    Ainda que seja de noite
    Ainda que seja de noite
    Ainda que seja de noite
    Oswaldo Montenegro

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  11. Começar de Novo...

    Obrigada pelo poema..., assim, ao acordar estremunhada e a ouvir a chuva, que continua a cair...

    "fonte mais estranha
    Que desce pela montanha
    Ainda que seja de noite
    Sei que não podia ser mais bela"

    [BEIJO de volta mais vezes]

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  12. ...mesmo as sombras podem ser belas
    as melhoras
    beijos

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  13. Não consegui escrever-te nada aqui.
    aluaflutua tem cores para ti.
    Beijo grande.

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