terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

La vie en rose...




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Mesmo num dia enevoado, também há trilhos cor de rosa perto de minha casa...
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Rosa e cinza - cinza e rosa.
São cores que ligam bem.
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Entrei na zona das Antas!
É só virar as costas ao Marquês e parece começar uma outra cidade onde la vie nous semble plus rose.
E já foi mais... quando a Praça Velasquez estava associada aos novos ricos da minha adolescência [há uns largos anos, rebaptizada com o nome Francisco Sá Carneiro, vá lá saber-se porquê!... a viúva até morava perto da casa dos meus pais...].
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Alguns colegas da minha turma viravam em sentido inverso ao meu e regressavam às suas novas casas, nas Antas.
Eu seguia para Paranhos... passava pelas ilhas e antigas quintas, definhando numa cidade a crescer para dentro e para fora, desordenada e desnorteada.
A minha rua ficava perto do Colégio Luso-Francês. [Afinal, apesar da resistência da minha mãe em conservar-nos na escola oficial, também ele é um edifício pintado de cor de rosa...]
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Tenho saudades da escola pública, nas traseiras da casa dos meus pais, em pleno bairro camarário [que a minha rua larga escondia, atrás dos prédios e das árvores, meticulosamente plantadas, de cada lado dos passeios].
Tenho saudades da minha mãe, quando foi minha professora...
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E tenho saudades da escola pública, perto das Antas, a meio caminho da pobreza e do novo riquismo, onde passei os tempos antes e depois de 1974..., depois de deixar o cinzento da secção do 2º ciclo, para meninas, do Carolina Michaëllis e o liceu [o propiamente dito].
Acho que fui um pouco mais feliz, numa escola de rapazes e raparigas...
Acho que fui, até, feliz.
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Como tenho boa memória visual [para rostos e fisionomias, particularmente], por vezes, ainda reconheço alguns ex-colegas com as respectivas proles. Olham para mim... e já não sabem porque lhes sou familiar.
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Por isso, normalmente, fica assim.
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fotos de uma caminhada de domingo passado, mais uns metros ao dobrar da minha esquina e noutro sentido

2 comentários:

  1. "Olham para mim... e já não sabem porque lhes sou familiar...Por isso, normalmente, fica assim...

    vinga-te- conhece outros rostos!rss

    excelente o teu texto. pleno de adolescência. admirável na sua (in)autenticidade...

    gostei muito.

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  2. Não seria vingança...

    Pareceria mais castigo. A minha vida tem sido um desfilar de novos rostos [que nem sei como consigo fixar?], constantemente.

    É cansativo.

    Pergunto-me se não será o facto de desconhecer o teu, a título de exemplo [e não "desmerecendo"], que me faz antecipar, ...serenamente..., um novo post, para comentar, ou um comentário teu, como os de hoje...

    Quanto aos rostos que conheço, que aqui entram, não os vejo há tanto tempo, que começam a ganhar contornos "virtuais" estranhos... mas que não me desagradam.

    Nota: Tu lês exaustivamente os meus textos...:)

    [BEIJO...............]

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