quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Quarta-feira enevoada e chuvosa...


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Parecem símbolos da cabala...
Mas, acho que não são.
São desenhos de empredrado no passeio, do lado esquerdo de quem segue, pela Avenida dos Combatentes da Grande Guerra, em direcção à igreja das Antas [edifício feioso, onde nunca entrei...].
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Os prédios, antigas habitações de famílias abastadas, de classe média alta, estão alugados ou comprados por empresas de serviços. [Algumas delas, ligadas à igreja, com carácter assistencialista, para gente rica, claro.]
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As famílias desmembraram-se, a classe média alta é um conceito e/ou realidade do passado...
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Mas a avenida coninua bem lançada, embora cada vez menos povoada...
[Dantes, viam-se crianças e jovens a andar de bicicleta e os portões, agora fechados e com alarmes à vista, estavam abertos para a rua.]
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A mão de algum feiticeiro deverá cuidar destes relvados e destas árvores... [Já que, tantos lugares no Porto parecem ter sido esquecidos e tantas ruas negligenciadas.]
Ou será a mão da igreja, por delegação superior do altíssimo? É!... mas se Deus houvera, parece não conseguir estar em todo o lado...
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Deus terá perdido o dom da ubiquidade, da omnipotência e da omnipresença, numa época em que tanto se fala de globalização? Irónico, não é?
A beleza desta avenida deve-se a homens e mulheres.
Apenas uma referência à deidade, mais abaixo, que as fotos não captam: mais uma das muitas casas de Deus.
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[Para quem é transcendente, Deus ocupa muitos espaços vitais. O Deus católico, diga-se.]
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Fotos da Avenida dos Combatentes da Grande Guerra

10 comentários:

  1. gostei desta visita pensada por um fragmento do Porto

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  2. a mim tudo me sabe agora a quarta feira de cinzas.

    as tardes vazias.

    os meninos não brincam na rua, agora vivem encarcerados em escolas e outros lugares indizíveis.

    os pais vivem de sonhos, frustração e memória.

    quem nos assim inverteu afinal!?

    resta o chão talvez.
    para também a nu se olhar.

    parcamente lavado.

    a terra por baixo.




    beijO

    de quarta feira

    de miúda chuva

    também eu aqui parada.

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  3. Não sei quem foi
    que nos inverteu
    assim

    Mas
    as quartas-feiras
    nesta posição trípede
    sentada
    quase sempre
    assente
    em três pés
    o da cadeira giratória
    e os meus
    [um mais dois = três...]
    fazem-me doer o corpo
    de estourar

    Desde manhã
    já me fartei de inventar
    materiais novos
    com a ajuda do PC
    [abençoada e amaldiçoada tecnologia]
    a tentar remar
    contra a maré
    para que os meus alunos
    e queridos selvagens
    [quantas vezes...]
    não pensem na escola
    como esses lugares indizíveis
    [que o são... malgré tout...
    ... et malgré mes vendredis:
    couleur gris.]

    Vou levantar-me
    a seguir
    trôpega bípede
    vou andar pela casa
    olhar pela janela
    o jardim triste
    o chão molhado
    certamente
    chuva ácida

    Depois sento-me
    Talvez antes lanche
    por lanchar
    fume um cigarro
    por fumar
    e continuo
    trípede
    e
    trôpega


    [Beijo]

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  4. Oh! e eu que vim propositadamente ver como tinha sido a tua quarta feira! Nada de cinzas em tripé muito menos a girar.
    Sabes? Eu tenho a certeza (mesmo daqui de longe) que os teus alunos acham as tuas quartas-feiras abençoadas...pelo que inventas para eles
    um beijo

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  5. Sempre que se fala em quarta-feira me lembro de ti! A C e as suas, cada vez mais interessantes [para quem aqui vem] quartas-feiras.
    Beijo grande e diz-me se numa das próximas quartas feiras não podemos almoçar.
    beijo grande

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  6. no solo molhado dum porto

    agastado

    um

    leve

    ar

    de



    beijO de quarta já quinta

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  7. Olá! Descobri o teu blogue, gosto bastante!
    Conheço esses passeios, pedras e ruas, os desenhos também...
    Já percorri esses lugares, umas vezes perdido em pensamentos, outras com pressa, sem nunca reparar que esses desenhos, podem ser pistas para a introspecção!
    beijo

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  8. esta quarta feira não andei por esta rua
    imagino-a com os seus plátanos
    [sim, porque me parecem plátanos]
    completamente nus de todas as vestes
    não terás tu primavera umas que lhe emprestes
    para que sua tez não pareça tão crua

    se vestido de verdes folhas se completa
    renascido de um outono fustigado
    na sua postura tão tímida e discreta
    parecendo até que o frio o traz amargurado

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  9. gostei muito do texto. e da tua ironia.

    invejável o poema e o "dueto" com a "un_dress". beijos para as duas.

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  10. Passamos tantas vezes por locais, cheios de arte e graça, cegos com o corre corre do dia-a-dia...

    são lindas estas calçadas.

    beijinho e bom Wk

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