sábado, 31 de maio de 2008

(Re)generar...



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.A natureza é fabulosa, em exemplos de regeneração cíclica!
Esta árvore, que há uns meses atrás, tinha a beleza do seu tronco rematado por gravetos, meticulosamente podados e minimalistas, aparece verde e triunfal nos últimos dias de Maio.
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Um Maio que me faz mal, com as oscilações climáticas constantes e as mudanças de luz intermitentes.
O mesmo Maio, neste dia cinzento, que a torna pujante e preparada para o movimento cíclico da Vida.
[Também admiro quem tem a capacidade de se auto-regenerar, assim. Tal como faço, ao contemplar a natureza, não invejo, admiro!...].
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Não resisti e fotografei-a, num instante, que não voltará a repetir-se, eu sei… porque vi esta árvore e todas as outras, imóveis e em serena transmutação, percorrendo três estações do ano. [Talvez, ainda as veja, em pleno Verão, se o Verão chegar, pois não me restam dúvidas, de que me aguardam, na sua mutável fotogenia.]
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E, enquanto andamos cheios de trabalho e cansados, olhar para estas árvores exemplares, faz-me sentir mesquinha e pequena e tristonha e um grão de pó numa engrenagem [muito inferior à Vida, muito aquém da Vida], que é a minha vida…
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Gozo os pequenos deslumbramentos da natureza, onde a consigo encontrar.
Faço as viagens de regresso, cada vez mais devagar, para olhar os campos…
Aguardam [eles e eu] as espigas de milho, que ainda espero ver despontar.
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Duvido que a Vida, para o meu trisavô republicano, montado na sua égua branca, significasse este deslumbramento da natureza que se renova.
Imagino que tenha tido ganas de virar as rédeas e abandonar uma vida que lhe esteve sempre destinada, por herança e não por sua escolha.
Sei que a Vida, para o meu trisavô, era outra coisa… Mas, não virou as rédeas e galopou para a capital… Ficou, não sem mágoa, decerto.
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[Pergunto-me, como resolveu ele o seu imenso enfado, o seu tédio refreado, a Vida deixada para trás, refeita em filhos, netos, bisnetos… e em mim, também?]
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Foto de 29 de maio, árvore dos meus passos em volta de uma escola

10 comentários:

  1. As folhas são muito verdes...
    beijos
    :)

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  2. e o teu bisavô talvez visse na copa desta árvore o que eu vi
    um coração de folhas verdes com artérias e veias de tronco

    o coração
    grande
    da bis neta.

    e um beijo cheio da força da natureza

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  3. É também nos sobressaltos cíclicos da natureza que vamos encontrando forças para nos reinventarmos.

    Bom fim de semana :))

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  4. linda um ar de:
    Está tudo bem? A mulher (esta semana rapariga) dos sábados de manhã estranhou a tua ausência..., mas ela só que saber se está tudo bem, mainada!
    Beijos

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  5. "Pergunto-me, como resolveu ele o seu imenso enfado, o seu tédio refreado..." uma questão sem resposta. julgo.

    a "vida" era menos complicada. não creio que a questão fosse colocada. então...

    "remoçar". gosto da palavra... rss

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  6. Teus olhos são sóis adormecidos
    Perdidos no profundo da noite
    Luzeiros na procura da aurora
    Que viajam sem rumo ou norte

    Procuram a ironia do tempo
    Os gritos que um rosto apregoa
    Uma taça de ouro frio
    O tempo que uma alma magoa


    Bom domingo


    Mágico beijo

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  7. por vezes não se resolve...

    age-se como se e pensa-se no futuro.

    descobre-se frequentemente demasiado tarde que o futuro

    sendo agora

    não existe.

    era assim. é.



    [ a árvore sabe: brota-se nova:
    da dor de quase se perder nas garras de múltiplos inv(f)ernos






    abraÇo.beijO [ regenerados :)

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  8. Aprecio muito a emoção e a autenticidade do teu relato e da fotografia tão apropriada...E a tua vivência pro-ecológica é tão actual e incontornável!
    vou espontaneamente linkar o teu blog.

    Um beijinho.

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  9. Olá :)
    Agradeço o seu comentário, esta semana para mim ainda não é a última, mas já estive mais longe das férias :)
    Gostei muito deste seu texto, pois apesar de não vir ao blogger faz algum tempo, os seus textos continuam a ter a mesma qualidade.

    Necessitava da sua ajuda para um trabalho de filosofia ... :D

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