segunda-feira, 21 de julho de 2008

Dos sopros e dos sons...


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No sábado passado, saímos do Porto, para mais uma exposição, daquelas a que eu não posso faltar…
Esta aconteceu no Museu de Olaria, em Barcelos, naquele espaço único, em que o interior está a céu aberto e as obras convivem com os quatro elementos na perfeição [esculturas em material cerâmico… como as que tenho espalhadas pelo meu jardim urbano, há anos!...].
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No meio uma cruz… quatro quadrados de ripas de madeira [agora, envelhecidas pelos oito anos que passaram, desde que ajudei a montar a outra exposição, Esculturas no Átrio…] quatro quadrados de seixos do rio… e as obras, que mais vale serem apreciadas in situ e não aqui!...
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Desta vez, houve um recital de oboé… tocado por um rapaz muito jovem, que contava histórias antes de tocar as peças. Novo, mas um virtuoso!... Explicou as diferenças entre os vários instrumentos que se incluem na tipologia do oboé. [Quanto a mim, que cheguei a ter um namorado flautista, nunca me tinha ocorrido que o tocador de oboé se chamava oboista!... Não soa beml… ao contrário dos instrumentos de que gosto tanto. É que, também tenho um vizinho que toca oboé… e cada vez melhor!]
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Tudo correu muito bem, desde a exposição ao recital. Depois, sempre gostei do espaço, duplamente, interior e exterior daquele Museu.
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O que me espantou foi chegar a casa [reportagem fotográfica feita, porque a câmara de vídeo já me faz doer os braços, sobretudo, as mãos…] e ter-me lembrado das imagens de filmes de Robert Gardner[como podiam ser de David e Judith MacDougall…].
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Estranho é, continuar a pensar numa África Negra, para onde nunca viajei, onde nunca vivi… Mas, insolitamente, irrompe num recital de oboé, numa exposição de escultura, sem mais nem menos…
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[Faz-me recordar o improvável… e lembra-me de que não existe só no Mapa da Pobreza do Mundo, inexoravelmente… Sinto-A a desejar-me... desculpa vã, para não dizer que sou eu a desejá-lA!... como tantas vezes me acontece… sem nunca saber porquê... África!]
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Nota: Não referi o nome do jovem oboista e estaria em falta, se não o revelasse. Chama-se Samuel Castro Bastos...
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de Robert Gardner, Filmstill do documentário Rivers of Sand

10 comentários:

  1. Interessante esse apelo. Eventualmente primordial, porque tão despido aparentemente de motivos! Só estive uma vez em África e sobretudo numa cidade (o trabalho assim obrigou) mas, apesar da experiência limitada, acho que fiquei a perceber melhor porque é que quem lá nasceu não resiste a ter muitas saudades!
    Beijo
    :)

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  2. Excelente trabalho.
    Narração perfeita, rica nos detalhes.
    Aprendi bastante.
    Gostei da lição.
    Beijos

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  3. Querida um ar de
    Espero que tenha corrido tudo bem. Pelo modo como escreves [sempre tão bem!] assim parece.
    Afinal, à última hora não fomos a Coimbra porque houve um faltoso. Acabei por ir para Montedor, onde já há muito não ía e ode preciso ir de vez em quando por várias razões. Minhas também, mas não só, como também sabes.
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    Sabes que eu gosto do som do oboé?
    Tenho aprendido a gostar cada vez mais como cada vez mais gosto mais de música.
    Há um CD que gosto muitíssimo de ouvir, acho-o mesmo extraordinário porque o que sinto ao ouvi-lo é, também, extraordinário. É uma integração muito bem conseguida da, dita, música clássica europeia de Bach com música africana do Gabão, Projecto Lambarena - Bach to Africa. Vou pôr n'aluaflutua o único tema mais ou menos audível desse CD para que ouças caso não conheças, apesar de achar que conheces. Pelo sim pelo não.

    E porque não dás azo a esse apelo e vais a África?
    É interessante esse sentir dum lugar onde nunca foste, onde nunca estiveste. Talvez tenhas ido, talvez tenhas estado. De outras formas que não a física.
    Um beijo

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  4. Querida Tinta_Azul,

    Pois, claro que conheço! Lembras-te que o querias gravar e eu já o tinha? Foi na altura do O' Stravaganza... que é uma belíssima mistura de música irlandesa e Vivaldi.
    Ainda o oiço. Deste-mo na altura em que a Inês morreu, longe... na Holanda. Por incrível que te pareça, ouvia-o todos os dias à espera da notícia trágica... mas lembro-me dela com um sorriso e ainda me rio da sua originalidade única, aristocrática e subtil, como só ela sabia ser.
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    Acho que, antes de chegar a Áfica, já teria morrido com a intoxicação medicamentosa de tanta vacinação!... :)
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    Vais a Barcelos noutra altura, deixa lá. Vale a pena, também, pelo espaço... Não deixa de ser um "local de culto"...
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    Estranho o nome de Montedor... Lindo o lugar!...
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    [Beijo de: parece que já estou de férias! A sério...]

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  5. Encantatório o teu relato, irrecusável o teu implícito convite para a visita a um local que promete beleza e que não conheço.
    Música, sempre, venha de onde vier, se de qualidade.
    E África, uma paixão. A que não podes resistir...
    Beijo e boas férias!

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  6. também áfrica me é...

    a dança as cores as formas

    aquela

    selva enigmática

    a geografia mais interior e a outra

    mais perdida explorada desgastada

    pelo que em tudo a sinto como se

    lá morasse

    [ em ocre acentuada :)




    ...




    ~

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  7. o museu: sim: conhecerei

    depressa:

    assim me dizem as tuas palavras! :)



    beijO.abraÇo



    ~

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  8. Desejo que te recuperes rapidamente, necessito ler algo escrito por ti...

    Abrazos valencianos

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  9. Mais uma vez não fui. Desta vez por falta de companhia. Eu, à noite, não viajo sozinha (esquisitices?. Mas não vou para a estrada mesmo.

    Beijo grande

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